sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A COR

Desde que nascemos e começamos a ter alguma percepção do mundo à nossa volta, que a cor faz parte do nosso quotidiano. Aprendemos que determinados objectos são necessariamente de determinada cor e não de outra, passando a associa-la, instintivamente, como uma laranja ou um morango que são irrepreensíveis nos seus tons.
Tudo no mundo tem uma cor específica, a cor faz parte do nosso dia-a-dia, um milagre que os nossos olhos se permitem observar todos os dias. É um autêntico espectáculo de explosão de cor que podemos presenciar a cada dia que passa, seja pelos tons do céu, o ambiente envolvente, a atmosfera, os edifícios, os carros, as roupas das pessoas. Tudo permite esta variável de alegria.
Por falar em roupa, a roupa que vestimos, de determinada cor, em determinado dia, pode dizer muito sobre o nosso estado de espírito. Daí que seja perceptível que usemos cores mais alegres como o amarelo, o rosa, o laranja, o vermelho, no Verão que é uma altura já de si propícia à alegria, à descontracção e ao exagero. Sentimo.nos bem connosco próprios e com o mundo. O calor puxa cor e nós deixamo-nos levar. Por outro lado, no Inverno é comum que a melancolia dos dias cinzentos e chuvosos nos obrigue a camuflar com a atmosfera: os cinzentos, os pretos, os beges, os castanhos e os azuis escuros saem à rua, tentando se manter na discrição e na sobriedade.
Contudo, a cor é algo de si tão fascinante que nos atrai. Quão comum é entrarmos numa loja e sermos altamente seduzidos por objectos ou peças de roupa de determinada cor. Não explicamos, mas a verdade é que aquela cor faz-nos sentir bem, e se estamos felizes isso nota-se. Por causa disto, é comum perguntarem-nos ainda enquanto crianças "Qual é a tua cor favorita?" de maneira a poder presenciar a criança com algo da sua cor favorita. No meu caso, adoro cor de rosa e todas as suas variantes. Qualquer objecto de cor rosa, roxo ou lilás é altamente fascinante para mim, embora não saiba dizer porquê, embora no dia-a-dia não vista muito cor-de-rosa. Já o verde é uma cor pela qual não me consigo fascinar. Não gosto simplesmente, mas gosto de árvores e de campos cheios de arvoredo e relva.
A nossa mente é de facto um objecto claramente complexo e sedutor e, por certo, não é só a forma como a cor nos fascina que a torna tão extraordinária. Não é só... mas também ajuda.


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A cor é uma percepção visual provocada pela acção de um feixe ou fotons sobre células especializadas da retina que transmitem impressões para o sistema nervoso.
A cor de um material é determinada pelas médias de frequência dos pacotes de onda que as suas moléculas constituintes reflectem. Determinado objecto ter determinada cor, caso não absorva as frequências daquela cor. ex. um objecto será azul se, preferencialmente, não absorver frequências de azul. (wikipédia)

Luz e cor

A cor resulta da existência de luz. Sem luz não existem cores. Na ausência total de luz, o que vemos é o negro.
Foi no século XVII que Isaac Newton descobriu que a luz branca do sol é constituída por várias luzes coloridas.


(Numa sala escura deixa-se passar luz solar por uma pequena abertura- Coloca-se um prisma triangular, em vidro transparente, de maneira que esta luz incida numa das outras faces. Acontece que a luz que sai do prisma fica decomposta em várias cores que podem ser projectadas numa superfície branca. Essas são as cores do arco-íris.)

A experiência de Newton mostrou que a luz do sol contém várias cores, ou seja, diferentes tipos de radiação. Cada radiação tem um comprimento de onda próprio. O conjunto de todas estas radiações constitui o espectro electromagnético. No entanto, apenas uma pequena faixa da radiação é captada pelos nossos olhos - espectro visível. Este é constituído pelo conjunto de radiações coloridas que podemos observar no arco-íris. Isto significa que as restantes radiações não são visíveis para os nossos olhos.

Contrastes de cor

Quando duas cores são diferentes podem constituir um contraste. Essa diferença pode ser quase imperceptível ou muito acentuada. Se essa diferença estiver no seu máximo, dizemos que tem um contraste polar.

Contraste claro-escuro
O contraste polar de claro-escuro é entre o branco e o preto. O azul e o amarelo, que são muito luminosos, também têm um contraste claro-escuro bastante acentuado.

Contraste quente-frio
O azul, o verde e o violeta são consideradas cores frias, já que as associamos com o mar e com as florestas verdes. Por sua vez, o laranja, o vermelho e o amarelo são consideradas cores quentes, geralmente associadas com o fogo e com o sol.
O preto e o branco são cores neutras.
Um constraste entre uma cor fria e quente, por exemplo, laranja e violeta forma um contraste quente-frio.

Teorias da cor

A cor foi sempre considerada muito importante para a vida e para a arte. Ao longo do tempo, foram aparecendo teorias que tentavam explicar o fenómeno da cor: nos aspectos físico, sensorial e psicológico. Ao longo dos séculos, vários físicos, artistas e teóricos propuseram teorias e organizaram diagramas, ou seja, esquemas gráficos com cores, que vamos ver já em seguida.

Isaac Newton

Newton, físico inglês (1642-1727), estudou a cor, do ponto de vista físico. Descobriu que a luz branca do Sol era a mistura de todas as cores. Embora vulgarmente o circulo cromático seja dividido em partes iguais, Newton idealizou o primeiro círculo cromático em que a porção de cada cor correspondia à sua extensão no espectro visível.







Philip Otto Runge (1777-1810)

 Pintor alemão que publicou o livro "A esfera das cores". Neste livro explicou a sua teoria sobre a cor e foi o primeiro a idealizar um modelo a três dimensões. As cores primárias são o magenta, o amarelo e o azul ciano que misturadas, formavam mais nove tons intermédios. Estes 12 tons ficavam sobre o diâmetro da esfera e eram misturados com branco e preto, de modo a obter uma gradação de tons cada vez mais claros, para o pólo com o branco, ou mais escuros, para o pólo com o preto.



Joahannes Itten (1888-1967)



O círculo cromático de Itten apresenta um triângulo com as três cores primárias. A mistura de cada par das primárias dá as três cores secundárias: verde, violeta e laranja. À volta deste primeiro diagrama em forma de héxagono, aparece o círculo cromático com as todas as primárias, as secundárias e ainda as terciárias, por mistura de uma primária com a secundária.
Idealizou inúmeros exercícios em que são construídas gradações de tonalidades entre duas cores primárias e ainda escalas de mistura com branco e preto.



Faber Birren (1900-1988)


O triângulo cromático com 3 cores primárias, 3 cores secundárias e 3 cores terciárias é o diagrama mais conhecido deste artista americano.
Estudou também, as harmonias cromáticas.








Significado das cores:

O preto está associado à ideia de morte, luto ou terror, no entanto também se liga ao mistério e à fantasia, sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa sofisticação e luxo. Significa também dignidade.

O branco associa-se à ideia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Significa  inocência e pureza.

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressão, mas é também uma cor que transmite estabilidade, sucesso e qualidade.


O Bege é uma cor que transmite calma e passividade. Está associada à melancolia e ao clássico.



O Vermelho é a cor da paixão e do sentimento. Simboliza o amor, o desejo, mas também simboliza o orgulho, a violência, a agressividade ou o poder. O Vermelho escuro significa elegância, requinte e liderança.




O Verde significa vigor, juventude, frescor, esperança e calma. Verde-escuro está associado ao masculino, lembra grandeza, como um oceano. É uma cor  que simboliza tudo o que é viril. O Verde-claro significa contentamento e protecção.

O Amarelo transmite calor, luz e descontracção. Simbolicamente está associado à prosperidade. É também uma cor energética, activa que transmite optimismo. Está associada ao Verão.


O Laranja é uma cor quente, tal como o amarelo e o vermelho. É pois uma cor activa que, significa movimento e espontaneidade.

O Azul é a cor do céu, do espírito e do pensamento. Simboliza a lealdade, a fidelidade, a personalidade e subtileza. Simboliza também o ideal e o sonho. É a mais fria das cores frias. O Azul-escuro, é considerada uma cor romântica, talvez porque lembre a cor do mar, no entanto é uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou monotonia. O Azul claro significa tranquilidade, compreensão e frescura.

O Castanho é a cor da Terra. Esta cor significa maturidade, consciência e responsabilidade. Está ainda associada ao conforto, estabilidade, resistência e simplicidade.

O Rosa significa beleza, saúde, sensualidade e também romantismo. O Rosa claro está associado ao feminino. Remete para algo amoroso, carinhoso, terno, suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e delicadeza. Está ainda associado à compaixão.

O Roxo transmite a sensação de tristeza. Significa prosperidade, nobreza e respeito.

O Lilás, significa espiritualidade e intuição.

 


 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Proposta de Trabalho n.º 2 - Tipografia

Tipografia - Heterónimos de Fernando Pessoa


Alberto Caeiro

"Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de cousa a cousa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso! "





Álvaro de Campos

"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!

Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!"






Ricardo Reis

"Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço."


terça-feira, 5 de abril de 2011

Memória descritiva proposta de trabalho n.º 2

Para o nosso trabalho de tipografia sobre os três heterónimos principais de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, começamos por fazer um esboço daquilo que significava para nós a personalidade dos heterónimos, a partir de pequenos extractos dos seus poemas.
Os esboços que realizamos, foram um ponto de apoio e fio condutor daquilo que viríamos a realizar no futuro, quando passássemos para o Freehand, mantendo-nos quase fiéis às ideias obtidas no início, apenas alterando um outro pormenor, quando nos víamos a braços com uma outra dificuldade técnica imposta pelo programa.
Em suma, as nossas ideias tentaram não ser muito lineares, no que ao texto-base dizia respeito. Tentamos fazer uma análise mais profunda sobre os intervenientes e, dessa forma, chegar a uma representação mais profunda sobre o tema, não revelando o óbvio, e tentando sempre chegar um pouco mais fundo, tal como a literatura o convida.


Alberto Caeiro


Na composição relativa a Alberto Caeiro, optamos por uma composição simples, como é, aliás, uma característica de toda a poesia de Caeiro. A nossa ideia inicial foi desenhar elementos básicos da Natureza, dos quais nos lembramos, quase instantaneamente, das árvores que são um dos elementos essenciais do universo de Caeiro. Todavia, achamos que a nossa composição devia ser mais profunda, mais emotiva, mais surpreendente. Dessa forma, e pegando no verso "Tristes das almas que põem tudo em ordem", compreendemos que Alberto Caeiro critica aqueles que tentam compreender tudo e racionalizar tudo, tentando fazer do mundo uma representação perfeita das suas ideologias. Desse modo, a necessidade constante de Caeiro de simplesmente viver, e de não procurar "colocar o mundo na ordem correcta", decidimos fazer uma representação de um mundo ao contrário, que funciona quase como o mundo interior de Caeiro que não procura nunca explicar o que vê, criando uma espécie de mundo mágico interior pessoal, ao qual só ele tem acesso e o qual apenas ele pode decidir quais as regras a seguir. Neste caso, não há regras, é um mundo totalmente "criado", sentido, a partir das representações da mente de Caeiro.


Álvaro de Campos


No que diz respeito a Álvaro de Campos, as representações ligadas à segunda fase de Campos: Futuristas, remetem todas para ideias similares: a exaltação da máquina, a vivência da fase tecnológica, o exagero de emoções, o ritmo rápido e frenético,... Desse modo, pouco poderíamos fugir à representações um tabto tecnológicas como a inclusão de imagens de engrenagens, que fazem o motor de uma máquina movimentar-se, e o contraste entre cores escuras e claras (recorrendo, neste caso, ao preto e branco, para dar esta ideia de fumo, de exagero, de maquinismos.)
A princípio a nossa ideia era diminuir gradualmente as engrenagens (a nível de dimensão) pela tela, à medida que os "rrrrrrr" do poema, as iriam acompanhando. Na parte inferior da tela, tinhamos ideia de colocar uma lâmpada (que remete para o conceito de electricidade, uma descoberta inovadora, que permite abdicar do carvão para a manutenção e funcionamente de determinadas máquinas) estilhaçada (tal como a mente de Campos, que se refugia nesta fase mais tecnológica, para camuflar um pouco os seus pensamentos e dúvidas existenciais, que serão, em todo o caso, conhecidos, na sua terceira fase), cujos pedaços se juntariam para formar a palavra "Fúria". Mas por motivos de dificuldades técnicas não conseguimos desenhar a lâmpada. Dessa forma, optamos por realizar uma representação mais "subtil" da época futurista, ao qual este poema pertence. Assim, optamos por desenhar um sol que funciona aqui, então, como fonte de energia "alternativa", remetendo aqui para o futuro (desmembrando aqui a ideia de futurismo, tentando capultá-lo para umas épocas mais recentes, onde foi possível a invenção de mecanismos que permitissem a exploração da energia solar.), engrenagens, que remetem, imediatamente, para as máquinas, para o movimento que o futurismo exige e para todo o universo fabril, e o contraste entre preto e branco, com as representações de texto que dão a ideia de fumo, de movimento, de indústria tão caracteristicas da época futurista, ao qual este poema de Campos pertence.

Ricardo Reis


Ricardo Reis é o poeta do clássico, do metafísico, do pensamento. Ricardo Reis é um homem contido que não vê necessidade de grandes sobressaltos na vida, que no final provoquem sofrimento, pois acredita que, quer "vivamos, quer não vivamos o rio há-de sempre correr para o mar", o que significa que, independentemente do que fizermos o nosso destino será sempre a morte.
Dessa forma, e inspiradas pelo conceito de "Carpe Diem", optamos por elaborar um projecto simples, sóbrio, bem ao estilo de Reis. Na imagem é possível observar um ambiente calmo, uma floresta, um rio, onde um vulto permanece sozinho, pensando. Para isto, tivemos em mente a frase "Ser-me-ás suave à memória", como se houvesse alguém, sentado à beira-rio (que como vimos, anteriormente, é metáfora da morte) a relembrar alguém, sentindo só, num espaço completamente desbravado que, aparentemente, nada de novo lhe oferece.
Essa personagem é uma representação, de certo modo, do próprio Reis, que procurou viver a sua vida tranquilamente e "sem grandes desassossegos", mas a quem no final só restou solidão e pensamentos derrotistas de que não vale a pena viver que o caminho último será sempre a morte.
Nesta imagem, a personagem permanece, assim, sozinha, observando o decurso do rio e relembrando a "sua pagã triste".